quinta-feira, 14 de junho de 2012

Uma ajudinha para o vestibular (parte 1) - O cortiço (Aluísio Azevedo)



Sinopse: O cortiço é um romance de autoria de Aluísio Azevedo e foi publicado em 1890.
É um marco do Naturalismo no Brasil, onde os personagens principais são os moradores de um cortiço no Rio de Janeiro, precursor das favelas, onde moram os excluídos, os humildes, todos aqueles que não se misturavam com a burguesia, e todos eles possuindo os seus problemas e vícios, decorrentes do meio em que vivem.
O autor descreve a sociedade brasileira da época, formada pelos portugueses, os burgueses, os negros e os mulatos, pessoas querendo mais e mais dinheiro e poder, pensando em si só, ao mesmo tempo em que presenciam a miséria, ou mesmo a simplicidade de outros.
Essa obra de Aluísio Azevedo tem dois elementos importantes: primeiro, o extensivo uso de zoomorfismo; e, segundo, cria um microcosmo (Que é o cortiço do título). O cortiço também é ostensivamente personificado no decorrer da obra, sendo muitas vezes tratado como um único personagem ("Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.", capítulo III).
Foi a primeira obra a expor um relacionamento lésbico.
O livro além de transformar o homem em um animal (em um processo conhecido por zoomorfismo), personifica o cortiço, que vai nascer (tendo, simbolicamente, como pai João Romão), crescer, espalhar-se (reproduzir-se) e morrer. Os personagens vão ser tratados como uma conseqüência do protagonista, não são causa, são efeito do cortiço, que vai determinar seu comportamento.
Todo personagem que conviver com pessoas consideradas de baixo nível, irão desvirtuar-se, como Pombinha, por exemplo. Era loura, íntegra, moça de boa família. Foi rica até ser órfã de pai, que se suicidou ao falir, deixando-a pobre com sua mãe. Foi descrita como a flor do cortiço. Mas Pombinha convive em um lugar com proletários, que irão desvirtuá-la. Pombinha conhece Leonie, uma prostituta que irá se relacionar a ela, surgindo o lesbicismo.
Jerôrimo era um rapaz trabalhador, honesto, vivia para a mulher, que também vivia para ele, ambos tinham-se mudado de Portugal em busca de melhores condições no Brasil. Amavam-se profundamente. Jerônimo vai trabalhar em uma pedreira e se hospeda com sua mulher no cortiço, lá conhece Rita Baiana, uma brasileira festeira, bonita e sensual. Por causa de Rita, Jerônimo se passa a beber, tomar café e reclamar do trabalho, segundo o autor, caractéristicas dos cabras (brasileiros), isso mostra uma caracteristica forte do Naturalismo, o determinismo, como o homem como produto do meio. Se apaixona pela baiana e, após algum tempo, faz-se um relacionamento extraconjugal. Jerônimo abandona a mulher e vai viver com Rita. Piedade, a abandonada, começa a beber. Já foram desvirtuados.

Resenha: O livro ''O cortiço'',de Aluísio Azevedo tem como enredo a história de João Romão,que compra um terreno, e junto com Bertoleza (crioula,quitandeira,que passa ser amante e cúmplice de J.R.) dá origem a um cortiço(personagem principal da história). A história se passa toda dentro do próprio cortiço.O diferencial deste livro é que durante ele todo,as pessoas sempre são citadas no coletivo. Além disso,o cortiço também é comparado do início ao fim com diversos aspectos animais(zoomorfismo),sendo então uma das coisas que mais chamam atenção durante toda a leitura.
O texto em sua maioria é descritivo,com o predomínio das sensações sensoriais. Não é um livro de difícil leitura,sem vocabulários complicados,sendo uma das melhores leituras da nova lista de livros para o vestibular. Na minha opinião ,vale a pena ler e descobrir algumas críticas contidas nas entranhas da história,principalmente por ser literatura nacional.

Algumas citações: 
“Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas.''
''...a Machona, a Augusta,a Leocárdia,a Bruxa, a Marciana e sua filha conversavam de tina a tina,berrando e quase sem se ouvirem,a voz um tanto cansada já pelo serviço''
''E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer em um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, até mesmo naquele lameiro, a multiplicar-se como larvas no esterco.''

''Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.''

“Também cantou. E cada verso que vinha de sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio” 

''Descobriu-lhe no cheiro da pele e no cheiro dos cabelos os perfumes que nuca lhe sentiram; notou-lhe outro hálito, outros sons nos gemidos e nos suspiros. E gozou-a, gozou-a loucamente, com delírio, com verdadeira satisfação de animal no cio.''

Um beijo!
 

Um comentário:

Jonas disse...

parabens esta tudo muito lindo :)

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...